QUESTÃO DE DESPERDÍCIO
Em tempos de tomzés declamando comercial de refrigerante,
adnets congelados em canal de TV aberta e muitas outras combinações destoantes,
meu íntimo estava prestes a dizer “Até tu, Brutus” quando foi atropelado pela
máxima “Eu já sabia”. No fundo, a gente até sabe que as coisas vão acontecer,
mas fica torcendo pra demorar um pouquinho mais.
Mas eu não tou falando de coisas chatas como ética, moralismo não. Nada de
apontar dedos críticos para as escolhas das criaturas, a discussão é muito mais
simples: uma questão de desperdício. Nos
dias de hoje a gente fala tanto em evitar o desperdício de recursos materiais,
mas acho que a onda verde também está fora dos latões de lixo e deveria cobrir questões
como essas, pensar numa espécie de sustentabilidade artística.
É como escalar o Neimar para uma pelada com os caras do
condomínio ou chamar o Michael Jordan para o basquetinho com o pessoal da firma
(Olha o rebote!). É como ressuscitar o Pavarotti para narrar rodeio (Irraaa!),
decorar banheiro de rodoviária com Monets, ir à padaria de Chanel (Oui), chamar o Olivier para fazer um
miojo (Merci). Ou então trazer o
Barishnikov para o festival de fim de ano da escolinha de dança apresentado por
Fernanda Montenegro com acompanhamento da Filarmônica de Viena. É aspargos em
sopa de pedra, diamante em durepox, manja?
O jeito é pegar o controle remoto e desligar antes que os
porcos comecem a desfilar glamourosamente com seus novos colares de pérolas.
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