domingo, 12 de maio de 2013

A ARTE DE FORMATAR A ARTE


Licitações, projetos, programas, incentivos, premiações. A arte está mais institucionalizada do que nunca.
Os mecanismos de financiamento têm regras, planilhas e armadilhas em editais cheios de cálculos, estratégias, contrapartidas e justificativas. São verdadeiros cases de MBA com seu vocabulário business ou teses de dourado com a sua formatação rigorosamente metodológica.

Mas a pergunta que me interessa é: como fica a própria arte no meio de tudo isso?

O que as minhas lentes enxergam é uma coleção de grupos e artistas - talentosos e Às vezes nem tanto – se contorcendo para se encaixarem em modelos pré-fabricados e conseguirem o seu tão desejado lugarzinho nas prateleiras do mercado da arte. Observando um pouco mais além, vejo outros grupos e artistas legítimos sem “aderência” ao mercado ficarem à deriva. É verdade que no conjunto da periferia dos financiamentos também existem trabalhos totalmente medíocres, mas não é deles que estou falando.

Eu estou falando é de compromisso com a arte. Linguagem, conexões, pesquisa e tudo o que o processo criativo envolve são temas deixados em segundo plano. O que mais importa é o grau de viabilização.
O peso da logomarca, a visibilidade do investidor, os retornos institucionais. Pontos como esses estão ganhando preocupação cada vez maior, ao passo que diminuem a preocupação em responder questões como: para quem estamos produzindo arte? O projeto já está pago mesmo, para que formar público? 
E os critérios para esta caça aos níqueis são no mínimo duros, objetivos, matemáticos. Isso para não dizer políticos.
Adjetivos esses que nada combinam com o caráter flexível, subjetivo, original e – por que não?  – apaixonado da arte em sua essência.

Sim, é preciso ter paixão para fazer arte. O resto é embalagem.

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