segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

DESABA(FO)

Acontece que não consigo me encaixar em nenhum cargo, tribo, religião.
Tudo parece tão distante e fora de mim. 
As terapias deixaram de conversar comigo, ou eu com elas. 
O fato é que o diálogo não existe mais. 

As madrugadas etílicas atravessadas com conversas bobas, elas não têm mais graça.

O entusiasmo de uma nova atividade em segundos se converte em tédio. 

Os rituais espetacularizados chegam até mim como uma infinidade de páginas intermináveis de autoajuda nada convincentes, servindo apenas como peso na minha bagagem.
...
E nesse terreno árido, onde reina o tédio profundo, cinzento e gélido, existe um fio dourado que se recusa a morrer dentro de mim. Por trás de nebulosos pensamentos, entre sentimentos corroídos, abre-se uma fresta e ainda consigo enxergar sua fonte. É ele, que teima em resistir. É ele, brotado e fincado no meu solo, no meu ser.
Me retorço, me reviro e consigo libertar amarras para me aproximar dele.
Chego bem perto até arrancar uma gota. Apenas uma gota, extraída com afinco.
Tão pouco. Mas não importa, deve ser o suficiente.
Afinal, é pura essência.
É AMOR.

Sorvo a gota com ímpeto e prossigo minha jornada.
O corpo continua sentindo os desgastes, mas a neblina se rarefez e agora posso enxergar o caminho.

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